quarta-feira, 27 de maio de 2009

Morangos vs Castigo Divino

O post que se segue relata, muito resumidamente, o castigo divino por ser uma velha senil com idade para conter este gigantesco ímpeto de gula sempre que me deparo com uma taça/balde/contentor de morangos à frente (como desta vez).

Primeiro, enchemo-nos de morangos até sentir o peso na consciência e depois a comichão e depois a falta de ar. Dirigimo-nos para o centro de saúde mais à mão e está tudo pronto para uma aventura típica da minha vida:

  • Não há ninguém na sala de espera, mas a auxiliar/telefonista obriga-me a tirar a senha
  • Again... não há ninguém na sala de espera, todavia sou avisada que tenho de aguardar "um 'cadinho porque o sôdótor ainda não chegou"
  • Meia hora mais tarde... do "sôdótor" não há notícias. A senhora recepcionista/telefonista/auxiliar está em plena fofoca ao telemóvel e eu, sem querer interromper mas interompendo, pergunto-lhe, educadamente, se ainda vai demorar muito.
  • O que fui eu fazer... a vaca responde-me muito ofendida "e eu é que sei filha?"... mesmo assim levanta-se e diz que vai "lá dentro" falar com a senhora enfermeira.
  • Outra meia hora depois... a vaca da auxiliar/telefonista/mal-criadona regressa a mastigar o que eu acho que era o seu lanchito feliz da vida. Diz-me para ter paciência que vou ter de aguardar mais um bocadinho. "Com certeza" digo-lhe eu ... "quem espera uma hora e vinte pode esperar mais um bocadinho" - com ênfase no bocadinho.
  • De repente, a senhora enfermeira aparece, grita a minha senha (again... a sala de espera continuava às moscas) manda-me entrar e tudo se resolve... um anti-histamínico no belo do nalguedo da Tia Cremilde... para me redimir do pecado da gula.
  • Até aqui tudo maravilha... acontece que o injectável que levei não é uma coisa muito agradável... digamos que a picada em si é suportável, mas o que acontece nos 5 minutos seguintes nem por isso.
  • Saí do centro de saúde, fresca, fofa, comichosa e com falta de ar... rua abaixo, dirijo-me para a minha boleia quando, de repente, sinto uma coisa parecida com a dor de parto no belo nalguedo injectado e na perna desse lado... DOÍ!!! DOÍÍÍÍÍ QUE SAFARTA! Ao ponto de me ter sentado na entrada de um prédio à espera que a dor me passasse.
  • No momento em que estou prostrada e em sofrimento sai um distinto senhor do dito prédio. Agonizando, lá consegui soltar um "boa tarde"... porque eu posso estar a morrer mas não perco os bons modos que me caracterizam. Não é que o sacana do velho nem me pergunta se preciso de ajuda ou se estou bem? Muito incomodado com ar ameaçador e em jeito de suspiro/desabafo este-mundo-está-perdido solta um "drogados... não quero lixo nesta porta!"...
  • A minha alma congelou... não sabia se chorava de dor (ainda mais) ou se me ria do ridículo... castigo divino... só pode ser! Ninguém me manda ser gulosa.

7 comentários:

  1. Meu Deus, ao que isto chegou! Confundirem uma adorável velhinha com drogado! Já não há maneiras... já não há gente civilizada. Mas ó Tia Cremilde... dor de parto? Como é que...

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  2. De facto, não há respeito. Nem compaixão!

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  3. Oh tia, não resisti a rir-me (só um bocadinho) deste relato... Eu também sou assim gulosa, mas o meu pecado são as cerejas... ai ai ai, as caganeiras que eu já tive!

    Está melhorzinha?

    Uma beijoca tiazoca!

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  4. Oh Tia Cremilde,
    Que despautério, esse último comentário...Algum jovem puritano?
    Lembre-se co conselho do Ti Al...Para os morangos, Champagne...Ou espumante da bairrada, no mínimo.
    As melhoras e cuidado com os excesso ao fds
    bjs (desculpe mas também me ri um bodadinho, só umas gargalhadas breves, com respeito, claro)

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  5. Olhe Tia, esse senhor que a confundiu com outra vidas mais desgraçadas do que a sua, alguma vez poderá ser, era concerteza um inculto dada a raridade da toxicodependência na sua faixa etária, que julgo avançada (se bem que desconfio que a tia não ultrapasse muito os 50, e se tanto). Mas cá comigo gosto de pensar que a tia é uma velhinha de 65 anos e apetece-me logo alugá-la como minha avó por uma temporada, li numa revista que lá pelas América há pessoas que alugam amigos. Mas eu não preciso de mais amigos, já uma figura materna interessante dava jeito!
    Quanto aos morangos, que raio, como é que a tia foi programar o seu corpinho idoso para reagir aos desejados morangos como se eles fossem uma ameaça, não o sendo? Isto das alergias, tem o que se lhe diga, de maneiras que querendo trocar pelo chocolate até resolver a sua alergia, pode deixar de ser alérgica tal como passou a ser, recomendo-lhe os bombons da Confeitaria Arcádia no Porto, há uns com recheio de rosas, lima ou menta que são um achado maravilhoso que a tia irá apreciar. E olhe que não deve ser uma velha assim tão velha e tão senil, a telefonista chamou-a de filha e não de senhora. Isto é como no anúncio do BES, o pessoal quer ter algum de parte quando chegar altura de nos chamarem de minha senhora, mas aqui o gaijedo gostava mesmo era de ser chamada menina para sempre, mesmo até quando passa-se a ser ridículo. Olhe tia, se tiver saudade de ser chamada de menina faça como eu, vou a um cabeleireiro mais próximo e satisfaço a minha necessidade de 5 em 5 minutos e por tudo e por nada.
    Desculpe lá o extenso comentário, mas não vinha á blogosfera há 2 semanas e estou on fire!
    Beijinho! Fico à espera das suas sugestões para o f.d.s.

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  6. lololololololololololoolol
    Se não fosse pela dor (que não tem graça nenhuma), tudo o mais é tão ridículo que só dá para rir... para não chorar!
    Que cena!
    Beijinhos

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  7. Lindo! Adorei. Não a sua dor e mal estar tia, óbvio.
    Não esperava rir-me desta forma.
    Já chega. Adeus.

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