Tomei a liberdade de "roubar" o texto que se segue do meu amigo Pedro Fontes. Não consigo transmitir o aperto que sinto por ver tudo à minha volta destruído. É caótico... é desolador e magoa!
"(...) Sinto pelas estradas por onde adivinhava a praia no Verão, os passeios que gostava de ver cinzelados em criança, as fachadas paradoxalmente testemunhas e cúmplices.
Sinto pelo basalto das escarpas, áspero como cotovelos, as árvores por onde o vento não voltará a assobiar nem as nuvens ficarão presas, pelas flores espontâneas que jazem testemunhando o que a eternidade não lhes prometera.
Sinto por aqueles vales - orograficamente egocêntricos - forçados a contemplar-se em desgraça.
Sinto pela ironia de ter sido o mar quente, parceiro de banhos intempestivos, a carregar o céu de vingança.
Sinto pelas próprias ribeiras que nos traíram, involuntárias, como que em anátema pela insondável melodia com que sempre brindaram o Funchal (crime:habituei-me).
Por ter lá estado só na minha infância e adolescência, não significa que lá deixe de estar. Na verdade, por ter estado lá é que continuo a lá estar. Nos passeios que pisei, nas estradas por onde viajei, nos sítios por onde entrei, nas ruas por onde enquadrei as miúdas do liceu, nas varandas onde me habituei a ver beleza em encostas onde hoje há, sobretudo, potência.
E estou destruído.
Mas não estou morto ainda."
Agora é arregaçar as mangas...
3 disseram à tia:
Se me dói a mim, Portuense de gema que ainda não pisou solo Madeirense, imagino o que deverá doer a si, que embora longe está lá.
Estou consigo neste momento de desolação.
Os arquipélagos são fortes, vi-o já nos Açores. A Madeira, aposto que também o é.
Um beijo.
Tia,
O texto é fantásticamente poderoso, como poderosa foi a tormenta....Fiquei com pena das pessoas. E as ribeiras estavam uma lástima... Felizmente lá para o Norte da Ilha não houve nada de grave.
Um abraço de solidariedade, para si e para todos os naturais e residentes lá na ilha...
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